O II Fórum Latino Americano de Biossimilares e III Fórum Brasileiro de Biossimilares são constituidos por um ciclo de palestras direcionado à comunidade médico-científica, a gestores do sistema público de saúde e a demais interessados, a fim de promover o debate acerca das novas diretrizes da área dos medicamentos biológicos.
O evento tem como objetivo a elucidação e a discussão de questões relacionadas aos biossimilares e à indústria biofarmacêutica, bem como a suas implicações científicas e sociais. Este blog apresenta-se como uma extensão do fórum. Vamos pautar e incrementar a discussão sobre os biossimilares, articulando argumentos e promovendo debates on-line nos comentários dos textos publicados.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

MEDICAMENTOS BIOSSIMILARES



         

    Desenvolver um medicamento biológico, que ao contrário daqueles criados por síntese química, é uma molécula altamente complexa e grande, é um desafio tanto do ponto de vista de pesquisa e desenvolvimento, considerando o vasto investimento necessário. É por isso que alguns anos atrás, depois que o progresso no campo da biotecnologia e biologia molecular, surgiram os Biossimilares, agora chamados de "biológicos com antecedentes". 
Essas são as drogas que são nascidas como imitações ou cópias, mesmo quando estes, devido à sua complexidade, não podem ser reproduzidos igualmente aos originais. Assim, de acordo com especialistas presentes na "Jornada de Actualización sobre Medicamentos Biológicos", organizado pela Pfizer e realizada em Buenos Aires, é essencial a realização de estudos clínicos para garantir a eficácia e a segurança desses medicamentos. 
“Os medicamentos biotecnológicos surgem de diversas moléculas oriundas de bactérias, fungos ou células de mamíferos. Uma vez obtida, esta "matéria prima" inicia um processo extremamente intenso e complexo de engenharia genética, que nos últimos anos mudou a forma com se trata as doenças crônicas auto-imunes como diabetes, psoríase e artrite reumatóide, entre outras", explica o Dr. Valderilio Azevedo (foto), professor de Reumatologia da Universidade Federal do Paraná, Brasil e Cientista Chefe do Centro de Pesquisa em Saúde e Biotecnologia Edumed. 
"Tal é a complexidade dessas moléculas, que pesam entre 100 e 500 vezes mais do que os medicamentos de síntese química que conhecemos normalmente. Por isso, diante da possibilidade de desenvolvimento de cópias ou imitações como os biossimilares, devemos nos esforçar por uma maior educação e capacitação para que os gestores realizem os controles e estudos clínicos necessários para assegurar que o produto crie uma ‘imagem’ que tenha a mesma eficácia, mas principalmente a mesma segurança", disse o especialista, também coordenador do Fórum Latino-americano de biossimilares. Neste sentido, a legislação local e internacional exige àqueles que fabricam e comercializam estes produtos, a realização deste tipo de comprovação. Seguindo a mesma linha e buscando garantir a segurança, mas também mostrando que não é o mesmo medicamento, foi realizado a mudança da denominação de biossimilares para biológicos com antecedentes
"Isso porque equivalência química não implica bioequivalência e bioequivalência não implica necessariamente equivalência terapêutica. Na verdade, as drogas biotecnológicas são moléculas grandes e de tal complexidade que são difíceis de reproduzir e cujo processo de produção é virtualmente impossível controlar", disse Azevedo. 
Por outro lado, qualquer mudança no processo pode afetar o desempenho bioterapêutico e clínico, causando efeitos adversos. "Isso não significa que os biossimilares são inseguros, eles devem estar sujeitos a um processo de aprovação que requer dados adicionais substanciais comparados aos exigidos para os genéricos por autoridades reguladoras, especialmente ensaios clínicos e um projeto de farmacovigilância desenvolvido pelo fabricante. A aplicação segura de produtos biológicos inovadores e biossimilares dependem do uso da informação adequada por parte dos profissionais de saúde", concluiu o especialista brasileiro. 
Em nível local, como explicado pelo Dr. Ignacio Maglio, advogado diplomado em Saúde Pública, Chefe da sessão Risco Médico-Legal do Hospital Muñiz e Coordenador da Área de Promoción de Derechos de la Fundación Huésped, "a partir de 2010 começou a se definir os produtos de origem biológica, estabelecendo que estes são mais difíceis de caracterizar que as drogas originais químicas ou sintética. Assim, a disposição é clara: dado que os processos de fabricação são mais complexos, por se tratar de moléculas mais pesadas, estudos especiais devem ser requeridos como toxicidade animal e os demais cumprimentos exigidos para as drogas químicas tradicionais, devendo-se adicionar dados pré-clínicos, por exemplo, na avaliação de contaminantes, impurezas e nas questões de imunogenicidade. " 
Em relação aos biossimilares, o Dr. Maglio diz que é necessário apresentar não somente estudos comparativos com a droga inovadora que está tentando copiar, mas também testes de homogeneidade e controles pós-comercialização.



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